“ Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou.” ( Lc 15, 20)
“Como não abrir o nosso coração para a certeza de que, mesmo sendo pecadores, somos amados por Deus? Ele nunca se cansa de vir ao nosso encontro, percorre sempre em primeiro lugar a estrada que nos separa d’Ele.”
A Parábola do Filho Pródigo nos remete ao amor misericordioso de Deus que não se cansa de esperar pelos seus filhos, que gastam os bens com as coisas desse mundo e voltam para Ele dispostos a recomeçar uma nova vida. Jesus contou a parábola do filho pródigo em que um homem tinha dois filhos: o mais moço pediu sua herança ao pai e saiu de casa, gastou seus bens e voltou arrependido; e o filho mais velho que fica ressentido com a festa que o pai faz pela volta do filho mais moço, que tinha gastado seus bens. ( Lc 15,11-32)
Refletir os seguintes pontos da Parábola do Filho Pródigo:
1- O fascínio da liberdade ilusória: (v.12) “O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca”. Deus nos dá a liberdade de filhos amados, mas muitas vezes não fazemos o uso dessa liberdade para o bem. São Paulo nos diz (I Cor 6,12): “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma.”
2- O abandono da casa paterna: (v. 13) “Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente.” O Papa João Paulo II disse sobre esse versículo: “A herança que o jovem tinha recebido do pai era constituída por certa quantidade de bens materiais. Mas, mais importante do que esses bens era a sua dignidade de filho na casa paterna.” E foi da casa do pai que o filho mais se lembrou quando estava ausente.
3- A extrema miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua fortuna: (v.14) “Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria.” Os bens materiais não duram para sempre, os bens espirituais, são eternos.Temos necessidade de Deus, pois Ele nos criou. A nossa alma tem sede e fome de Deus. Ficar longe de Deus é ser pobre; é ser miserável; é passar fome e sede. Deus fala em sua Palavra: “…se tememos a Deus, se evitarmos todo o pecado e vivermos honestamente, grande será a nossa riqueza.”( Tb 4, 23)
4- A profunda humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer matar a fome com a sua ração: (v. 15-16) “Foi pôr-se a serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.” O pecado nos exclui da Sagrada Eucaristia, onde a comida e a bebida são o Corpo e o Sangue de Jesus crucificado por nossos pecados. Quantas comidas estragadas que as pessoas nos têm oferecido e que temos comido. Se ouvirmos a Deus e seguirmos seus Mandamentos, participaremos da ceia do Senhor e teremos vida e ressurreição: “Se me ouvis, comereis excelentes manjares, uma suculenta comida fará vossas delícias.” (Is 55, 2). Possivelmente o pai do filho pródigo, alertou-o sobre todo o mal que poderia acontecer fora de casa, mas este não quis ouvi-lo.
5- A reflexão sobre os bens perdidos: (v. 17) “Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância… e eu, aqui, estou a morrer de fome!” Por causa da situação de penúria em que se encontrava, o filho pródigo reconheceu que perdeu seus direitos de filho e deseja agora somente saciar sua fome com a comida que os empregados de seu pai comem. Quando estamos em pecado perdemos nossa dignidade de filhos de Deus e a verdadeira herança que Ele nos dá em Jesus Cristo, a vida eterna: “O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo…” ( Rm 8, 16-17)
6- O arrependimento e a decisão de declarar-se culpado diante do pai: (v.18-19) ”Vou me levantar e irei a meu pai, e lhe direi: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho: Trata-me como a um dos teus empregados”. O filho quer conviver com o pai novamente, pois sabe que com ele tem tudo o que precisa. Ele quer usufruir dos seus bens, mesmo que numa condição humilhante de assalariado do seu próprio pai. Deus nos espera no Sacramento da Confissão, para receber dele a misericórdia e o perdão: “Se vossos pecados forem escarlates, se tornarão brancos como a neve!”( Is 1, 19) É a promessa do Senhor para nós. O Papa Bento XVI diz que “o arrependimento é a medida da fé e, graças a ele voltamos à verdade.”
7- O caminho de volta e o generoso acolhimento da parte do pai:
(v. 20) “Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe,
quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o
abraçou e o beijou.” O pai viu que seu filho estava de volta à vida e
alegrou-se. O Pai já não se lembrará do que nós fizemos de mal, quando,
arrependidos, confessarmos os nossos pecados. Assim como fez o pai da
parábola, que recebeu o filho com alegria sem se lembrar do sofrimento
que havia passado com a atitude dele. Deus é fiel e compassivo: “…porque
as desgraças de outrora serão esquecidas, já não lhes volverão ao
espírito.”(Is 65, 16) O abraço de perdão do Pai nos cura e nos liberta
e, principalmente nos insere novamente no seu Reino de amor, de onde o
nosso pecado nos excluiu.
O pai também vai ao encontro do filho mais velho, acolhe suas queixas e confirma a participação do filho nos seus bens, porque esse filho sempre foi fiel a ele. O filho mais velho não lhe trazia preocupação, mas nem por isso tinha menos amor por ele. ( Lc 15, 25-32)
Nessa parábola podemos ver quão misericordioso e amoroso é Deus e, só Jesus Cristo poderia nos revelar isso de uma forma tão simples e tão bela.
Obrigada, Senhor, por esperar pacientemente pelo meu arrependimento e por me dar o seu perdão.
Peço-te, Senhor, insista sempre comigo, não quero me afastar de Ti! Ensina-me a ser fiel a Ti! Fortaleça-me no Teu amor!
Jane Amábile-
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