A oração é um ato antinatural
Desde o nascimento aprendemos as regras da autoconfiança en¬quanto nos esforçamos e batalhamos para ganhar auto-suficiência. A oração vai contra estes valores profundamente estabelecidos. É um atentado à autonomia humana, uma ofensa à independência do viver. Para as pessoas que vivem apressadas, determinadas a vencer por si mesmas, orar é uma interrupção desagradável.
A oração não faz parte de nossa orgulhosa natureza humana. No entanto, em algum momento, quase todos nós chegamos ao ponto em que caímos de joelhos, inclinamos a cabeça, fixa¬mos nossa atenção em Deus e oramos. Podemos até nos certifi¬car de que ninguém esteja olhando, podemos ficar envergo¬nhados, mas, a despeito de tudo isto, nós oramos.
Porque somos induzidos a orar? Creio que existem duas ex¬plicações possíveis.
Rodeados pela presença de Deus
Oramos porque, por intuição ou experiência, compreendemos que a comunhão mais íntima com Deus só se obtém por inter¬médio da oração. Pergunte às pessoas que enfrentaram tragédias ou provações, dor ou sofrimento profundo, fracasso ou derrota, solidão ou discriminação. Pergunte o que ocorreu em suas almas quando, finalmente, caíram de joelhos e derramaram o coração diante do Senhor.
Pessoas assim me confessaram: "Não consigo explicar, mas senti como se Deus me compreendesse."
Outras disseram: "Senti-me rodeada por sua presença, ou senti um conforto e uma paz que jamais experimentei."
O apóstolo Paulo viveu esta experiência. Escrevendo aos cris¬tãos de Filipos, disse:
"Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, se¬jam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela ora¬ção e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vos¬sa mente em Cristo Jesus" (Filipenses 4. 6-7).
Anos atrás, meu pai, ainda relativamente jovem e muito ativo, morreu vítima de um ataque cardíaco. Enquanto dirigia para a casa de minha mãe, em Michigan, eu ia pensando em como sobreviveria sem a pessoa que, mais que qualquer outra, acreditara em mim.
Aquela noite, na cama, lutei com Deus. "Por que foi aconte¬cer uma coisa destas? Como vou entender o que aconteceu? Será que vou me recuperar da perda do meu pai? Se o Senhor me ama de verdade, como pode fazer isso comigo?"
De súbito, no meio da noite, tudo mudou. Foi como se eu tivesse dobrado uma esquina e me visse diante de uma nova direção. Deus falou comigo: "Eu sou poderoso. A minha sufici¬ência é o bastante. No momento você pode ter dúvidas, mas confie em mim."
Esta experiência talvez pareça irreal, porém os resultados fo¬ram notáveis. Depois daquela noite cheia de desespero e de
lágrimas, jamais fui torturado por dúvidas, quer em relação ao cuidado de Deus para comigo, quer em relação à minha capaci¬dade de viver sem meu pai. Pesar, sim, pois a morte dele me entristeceu demais e sentirei sua falta para sempre. Porém não me vi lançado à deriva, sem âncora e sem bússola. No meio da noite mais negra da minha vida, um instante íntimo e poderoso com Deus me proporcionou coragem, tranquilidade e esperança.
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