responda rápido: Por quanto tempo você consegue ficar em silêncio?
Quanto
a você eu não sei, mas sei que para mim não é nada fácil ficar em
silêncio por muito tempo. Quem me conhece bem sabe que gosto de ficar
quieto no meu canto, mas quando começo a falar, “falo pelos cotovelos”.
A
missionária Lettie Cowman escreveu um artigo muito profundo sobre o
silêncio e eu gostaria de compartilhar com você essa mensagem.
“Então,
os principais sacerdotes o acusavam de muitas coisas. Tornou Pilatos a
interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem! Jesus,
porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar.”
Marcos 15.3-5
Alguns anos depois desse maravilhoso momento de silêncio do Deus-Homem, o apóstolo Pedro escreveu o seguinte: “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças.” (1 Pedro 2:23).
Esse
silêncio era divino. Um simples homem jamais conseguiria ficar calado. E
sendo inocente e inculpado, não se deixaria levar “como cordeiro ao
matadouro”, para ser como ovelha muda perante seus tosquiadores.
Esse
silêncio na presença de Pilatos, bem como o que manteve na cruz, em
meio a uma agonia indescritível – que ele rompeu apenas sete vezes, com
frases de um profundo significado – foi o ponto alto de uma vida
caracterizada por um silêncio divino.
Cristo
viveu circunstâncias nas quais o homem sente necessidade de falar.
Primeiro, ficou trinta anos em silêncio, para depois iniciar seu
ministério público e seguir sua caminhada de Cordeiro em direção à cruz.
Depois guardou silêncio sobre a grandiosa beleza da glória do Pai e
permaneceu calado ao sofrer à mão dos homens de uma forma incomparável.
Além disso, guardou um santo silêncio a respeito das bênçãos que
derramou sobre outros e dos atos de traição de Judas.
Isso
é um exemplo para todos os que desejam seguir os seus passos, para
aqueles que querem andar assim como ele andou. É Cristo vivendo de novo
nessas pessoas.
Como é que esse ideal pode se tornar realidade para nós?
Primeiro, temos de ouvir o chamado dele e aceitá-lo (1 Pedro 1:15).
Depois devemos tomar a cruz de Jesus como sendo nossa cruz, já que, “se
morremos” Nele e com Ele, agora podemos viver para Deus. Aí poderemos
de fato entender o silêncio de Jesus e guardaremos
Silêncio ao realizar tarefas humildes entre os homens, sem procurar ser vistos por eles;
Silêncio a respeito das glórias que vivemos no monte da transfiguração, para que outros não pensem de nós mais do que é devido;
Silêncio com relação às durezas da senda do Calvário que nos levaram a Deus;
Silêncio
a respeito daqueles que, com a permissão de Deus, nos fizeram
acusações, e com relação ao fato de havermos abandonado tudo que nos era
mais caro, por amor a ele;
Silêncio quando nos curvamos para servir exatamente àqueles que nos traíram;
Silêncio
sobre as verdades profundas que Deus nos revelou nos momentos de
comunhão no esconderijo do Altíssimo, e que de forma alguma podemos
explicar àqueles que ainda não O receberam.
Silêncio
com relação a indagações que só o Espírito Santo de Deus pode
responder; e só responde quando chega a hora certa para esse coração que
pergunta, acabando assim com toda dúvida, pois lhe revela gloriosamente
Aquele que é a resposta de todas as nossas perguntas;
Silêncio
quando outros nos forçam a assumir uma posição em que parece que
rivalizamos com um abençoado servo de Deus; e então resolvemos nos negar
a nós mesmos para eliminar o problema, afastando-nos sem maiores
explicações, mesmo tendo todos os direitos de ali permanecer;
Silêncio,
sim, guardaremos silêncio diante de julgamentos feitos por nossos
colegas de fé, que nos criticam e falsamente nos acusam de muitos erros.
*
Lettie Cowman trabalhou em campos missionários de países do Oriente,
juntamente com seu esposo. Escreveu os livros Mananciais no Deserto e
Fontes no Vale, publicados pela Editora Betânia, que são uma compilação
de artigos e mensagens que ela reuniu durante o tempo em que enfrentou
períodos de intensa tribulação.
Deus te abençoe!
Sérgio Müller
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